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Bioconstrução com Bambu: um futuro que já é realidade

Nos últimos anos, o conceito de bioconstrução tem ganhado cada vez mais espaço em debates sobre meio ambiente, desenvolvimento social e desenvolvimento econômico. No centro dessa tendência, o bambu se destaca como uma matéria-prima versátil, acessível e altamente renovável, capaz de transformar a forma como construímos.

Mas afinal, o que é bioconstrução? Por que o bambu é considerado tão especial? E como a América Latina e o Caribe estão aproveitando esse recurso?

O que é Bioconstrução

A bioconstrução é um modelo de edificação que busca harmonia entre a construção e o meio ambiente, respeitando os recursos naturais, os ciclos da natureza e a qualidade de vida das pessoas.

Essa prática valoriza o uso de materiais de baixo impacto ambiental, como terra, pedra e madeira, combinando técnicas tradicionais com inovações tecnológicas. Com isso, em vez de depender de materiais industriais poluentes, como cimento e aço, a bioconstrução aposta em recursos locais, reciclados e renováveis, o que reduz custos e fortalece a economia.

A bioconstrução resgata técnicas ancestrais utilizadas por povos de diferentes partes do mundo, como casas de taipa e estruturas de bambu, adaptando-as às necessidades atuais, ao mesmo tempo que se conecta a conceitos modernos, como a arquitetura sustentável, a permacultura e a economia circular.

Isso significa que a bioconstrução não é apenas uma alternativa ecológica, mas sim uma proposta concreta para repensar a estrutura de cidades e países, reduzindo impactos ambientais e promovendo uma relação mais equilibrada entre ser humano e planeta.

Num cenário de mudanças climáticas, desigualdade social e urbanização acelerada, a bioconstrução surge como uma resposta prática e acessível, contribuindo para diminuir o déficit habitacional, criar ambientes mais saudáveis para viver e trabalhar, reduzir o desmatamento e as emissões de carbono, gerar empregos, valorizar o conhecimento local, entre outros benefícios.

O que é o Bambu

O bambu é uma planta pertencente à família das gramíneas que se destaca por características únicas: seu crescimento rápido e sua extraordinária resistência. Em poucas semanas pode atingir vários metros de altura, e em apenas três a cinco anos já está pronto para uso, enquanto árvores convencionais demoram décadas para chegar ao ponto de corte.

Ele pode ser colhido sem causar degradação ao solo, já que suas raízes permanecem vivas, permitindo a regeneração contínua da planta.  Com isso, o bambu é considerado um dos recursos naturais mais sustentáveis do planeta.

Em muitas culturas, especialmente na Ásia, o bambu é visto como um símbolo de força, flexibilidade e renovação, presente em tradições, rituais, músicas e até na gastronomia. 

Na engenharia e arquitetura modernas, o bambu recebeu o título de “aço vegetal”, já que sua resistência à tração é comparável à do aço, mas com a leveza e a versatilidade da madeira. Essa combinação o torna ideal para projetos de construção sustentável, especialmente em regiões tropicais e subtropicais, onde cresce em abundância.

Dados sobre o Bambu

O bambu é uma das plantas mais fascinantes da natureza, tanto pela sua beleza e versatilidade, quanto por suas propriedades únicas, que vêm despertando o interesse de muitas pessoas ao redor do mundo.

Algumas das características mais marcantes que o bambu possui seriam:

  • Existem mais de 1.600 espécies de bambu catalogadas no mundo, distribuídas principalmente na Ásia, América Latina e África, mas também adaptadas a diferentes climas e solos.
  • Algumas espécies chegam a crescer até 1 metro por dia, o que o torna uma das plantas de crescimento mais rápido conhecidas.
  • Pode alcançar 20 a 30 metros de altura, dependendo da espécie, o que amplia ainda mais seu potencial de uso.
  • Possui uma alta capacidade de sequestrar dióxido de carbono (CO₂), colaborando para reduzir os impactos das mudanças climáticas e contribuindo para um ambiente mais equilibrado.

Essas características colocam o bambu em destaque como um recurso estratégico, especialmente para países que precisam de soluções rápidas, sustentáveis e econômicas em áreas como habitação, infraestrutura, mobiliário e até moda.

Curiosidades sobre o Bambu

O bambu, além de ser um recurso estratégico para a sustentabilidade, carrega consigo histórias curiosas, usos milenares e aplicações inovadoras. 

Confira algumas curiosidades que tornam essa planta ainda mais especial:

Nikola Tesla e o bambu na primeira lâmpada

Nikola Tesla e outros inventores do século XIX utilizaram filamentos de bambu carbonizado em experimentos com lâmpadas incandescentes. Esse material se mostrou resistente ao calor e contribuiu para a evolução das pesquisas que, mais tarde, mudariam a história da iluminação no mundo.

Bambu na cultura asiática

Na Ásia, o bambu é muito mais do que um material de construção, ele é um elemento presente no cotidiano cultural e gastronômico. Seus brotos jovens são consumidos em pratos típicos, ricos em fibras, vitaminas e minerais. É considerado um símbolo de prosperidade e longevidade, aparecendo em rituais religiosos, artes marciais e tradições locais.

Resistência natural e segurança em áreas sísmicas

Graças à sua flexibilidade e leveza, o bambu é capaz de absorver impactos e se movimentar com o solo sem se partir facilmente. Essa característica o torna ideal para construções em regiões sujeitas a terremotos. Não à toa, diversas comunidades nessas áreas apostam no bambu como alternativa segura e acessível para habitação.

Um dos materiais mais sustentáveis do planeta

O bambu é considerado um exemplo de sustentabilidade por suas características como se regenerar naturalmente sem a necessidade de replantio, sequestrar grandes quantidades de CO₂, ajudando a combater as mudanças climáticas, proteger o solo contra erosão com suas raízes profundas e produzir grande volume de biomassa, aproveitada em múltiplos setores.

Um material do passado e do futuro

Ele é um aliado histórico da humanidade, usado desde tempos antigos em práticas culturais e alimentares, até aplicações modernas que unem tecnologia, sustentabilidade e inovação.

Como o bambu pode ser usado na bioconstrução

A bioconstrução busca integrar a arquitetura com o meio ambiente, utilizando recursos naturais, renováveis e de baixo impacto. Nesse cenário, o bambu se destaca como um dos materiais mais completos e eficientes, capaz de substituir insumos caros e poluentes, como o cimento e o aço, em diversas aplicações.

Embora existam mais de 1.600 espécies de bambu no mundo, apenas algumas são adequadas para a construção civil. Entre as mais utilizadas estão:

Guadua angustifolia

Muito comum na Colômbia e no Peru, é considerada uma das espécies mais resistentes e apropriadas para estruturas de grande porte.

Bambusa vulgaris

Bastante difundida em países tropicais, usada para mobiliário, forros e acabamentos.

Dendrocalamus asper

Encontrado na Ásia e já adaptado em alguns países da América Latina, possui colmos robustos, ideais para colunas e vigas.

Essas espécies se destacam por sua resistência mecânica, durabilidade e diâmetro, o que as torna altamente versáteis para diferentes finalidades na bioconstrução.

Na bioconstrução, o bambu pode ser aproveitado praticamente em todas as fases de um projeto:

Estruturas principais

Usado em colunas, vigas, pórticos e telhados, o bambu oferece resistência comparável ao aço, mas com a leveza de uma madeira. Essa combinação garante segurança estrutural com redução de custos.

Vedações

Serve como base para paredes, divisórias e painéis, muitas vezes preenchidos com barro ou palha, aumentando o isolamento térmico e acústico.

Acabamentos

Pode ser transformado em pisos, forros, esquadrias e revestimentos, trazendo conforto e estética natural aos ambientes.

Mobiliário

Sua leveza e flexibilidade o tornam ideal para mesas, cadeiras, estantes e prateleiras, resultando em móveis duráveis e sustentáveis.

Elementos decorativos e funcionais

É bastante usado em cercas, pergolados, brises e sistemas de sombreamento, que ajudam a controlar a temperatura interna e reduzir o consumo de energia elétrica.

Que tipos de bioconstrução podem ser feitas com bambu

O bambu é um dos materiais mais versáteis da bioconstrução. Graças à sua resistência, flexibilidade e rápido crescimento, ele pode ser aplicado em projetos de diferentes escalas — desde soluções simples e acessíveis até obras arquitetônicas de alto impacto reconhecidas internacionalmente.

Casas populares sustentáveis

Uma das principais aplicações do bambu está na construção de moradias populares. O material é de baixo custo, abundante em diversas regiões e pode substituir cimento, tijolo e aço em estruturas básicas. Além disso, essas casas apresentam conforto térmico natural, rápida execução e durabilidade.

Escolas e centros comunitários

O bambu também é amplamente usado em espaços coletivos, como salas de aula, bibliotecas e centros de convivência. Nesses casos, o material reduz o custo de obras públicas e comunitárias, oferece ambientes mais saudáveis e se integra à comunidade.

Estruturas culturais e turísticas

A leveza e a plasticidade do bambu permitem criar formas arquitetônicas ousadas, que chamam atenção em projetos culturais e turísticos. Auditórios, museus, pavilhões e centros culturais feitos de bambu se destacam pela estética inovadora.

Ecovilas e pousadas ecológicas

Ecovilas, pousadas e hotéis ecológicos usam o bambu como elemento central, unindo conforto, beleza e integração com a natureza. Além de serem atraentes para turistas que buscam experiências autênticas, essas construções têm baixo impacto ambiental e reforçam a imagem de destinos comprometidos com a preservação.

Infraestruturas leves

O bambu também tem uso em obras de infraestrutura, especialmente em soluções leves e rápidas como pontes e passarelas, quiosques e abrigos e estruturas temporárias para feiras, eventos e emergências.

Vantagens sociais e ecológicas de construções feitas em bambu

A utilização do bambu na bioconstrução vai muito além da escolha de um material sustentável. Ela representa um modelo de desenvolvimento socialmente e ambientalmente responsável, capaz de transformar comunidades e reduzir impactos sobre o planeta.

Vantagens sociais

Emprego e renda

A cadeia produtiva do bambu gera oportunidades de trabalho em todas as etapas, desde o cultivo e manejo sustentável, passando pela colheita e tratamento, até a construção e o design de móveis e acabamentos. Isso movimenta economias locais, especialmente em áreas rurais, e contribui para a inclusão social de comunidades marginalizadas.

Acessibilidade

O bambu é um recurso abundante em regiões tropicais e de clima quente, o que o torna financeiramente acessível. Seu custo reduzido permite que famílias de baixa renda tenham acesso a moradias dignas e sustentáveis, ajudando a enfrentar o déficit habitacional.

Resgate cultural

O uso do bambu valoriza técnicas tradicionais e artesanais, muitas vezes transmitidas entre gerações. Ao resgatar esses saberes, as comunidades não apenas preservam sua identidade cultural, como também integram inovação e modernidade em suas práticas construtivas.

Vantagens ecológicas

Material renovável

O bambu é uma das plantas de crescimento mais rápido do mundo, podendo atingir a maturidade em apenas 3 a 5 anos. Após a colheita, ele se regenera naturalmente, sem necessidade de replantio, garantindo um ciclo produtivo contínuo e sustentável.

Sequestro de carbono

Um dos maiores aliados contra as mudanças climáticas, o bambu possui elevada capacidade de absorver dióxido de carbono (CO₂) e liberar oxigênio. Essa característica o torna um importante aliado na mitigação do aquecimento global.

Baixo impacto ambiental

Diferente de materiais como o cimento e o aço, cuja produção depende de indústrias altamente poluentes e de grande consumo energético, o bambu pode ser processado com técnicas simples e de baixo impacto, reduzindo a pegada ecológica da construção.

Conforto térmico e acústico

As construções em bambu oferecem isolamento natural contra calor e ruídos, diminuindo a necessidade de aparelhos de ar-condicionado e aquecedores. Isso significa menor consumo de energia elétrica e mais eficiência no uso dos recursos naturais.

Vantagens financeiras na América Latina e Caribe

Quando se fala em bambu, é comum destacar seus aspectos ambientais e sociais. Mas o que muitas vezes passa despercebido é o enorme potencial econômico desse recurso natural, especialmente para países da América Latina e Caribe. O bambu não só reduz custos de construção, como também gera novas oportunidades de renda e desenvolvimento sustentável.

Construções até 50% mais baratas

Comparado a métodos convencionais que utilizam cimento, aço e tijolos, o bambu pode representar uma redução de 30% a 50% nos custos de construção. Essa diferença se explica pela abundância do material em regiões tropicais e subtropicais, além da possibilidade de trabalhar com mão de obra local, sem necessidade de tecnologias industriais caras e poluentes.

Redução nas contas de energia

O bambu proporciona conforto térmico e acústico natural, o que diminui a necessidade de ventiladores, ar-condicionado e aquecedores. Em média, esse benefício representa até 40% de economia na conta de energia elétrica, o que significa uma vantagem financeira de longo prazo para famílias e instituições.

Cadeia de valor sustentável

O cultivo e a utilização do bambu criam uma verdadeira cadeia produtiva inclusiva e sustentável. Desde o plantio em áreas rurais e degradadas até o processamento e a aplicação em construções, móveis e produtos artesanais, o bambu movimenta economias locais e oferece uma alternativa concreta à exploração predatória de madeira nativa. 

Além disso, por ser um material que não exige grandes indústrias para processamento, o investimento inicial é relativamente baixo, permitindo que pequenas cooperativas e comunidades rurais participem ativamente dessa economia verde.

Retorno econômico rápido e constante

Enquanto espécies de madeira podem levar décadas para atingir o ponto de colheita, o bambu pode ser aproveitado em apenas 3 a 5 anos, garantindo ciclos de produção curtos e sustentáveis. Isso significa que agricultores e comunidades podem contar com um fluxo de renda contínuo*, ao mesmo tempo em que preservam os ecossistemas.

Uma oportunidade para a região

Na América Latina e no Caribe, onde existem vastas áreas tropicais e milhões de pessoas em busca de moradias acessíveis e emprego, o bambu representa uma solução dupla: reduz o déficit habitacional e, ao mesmo tempo, fortalece a economia local.

Países da América Latina e Caribe que mais usam o bambu

A América Latina e o Caribe são regiões privilegiadas pela abundância do bambu, especialmente em áreas tropicais e subtropicais. Além de ser um recurso natural renovável, o bambu vem ganhando cada vez mais destaque em programas de habitação popular, turismo sustentável e projetos arquitetônicos inovadores. 

Entre os países que mais se destacam no uso desse material estão Colômbia, Peru e México:

1º Lugar – Colômbia: referência mundial na “guadua”

A Colômbia é considerada líder mundial no uso do bambu, especialmente da espécie Guadua angustifolia, uma das mais resistentes e adequadas para a construção civil. O país desenvolveu uma tradição arquitetônica com o bambu que se tornou referência internacional.

Já foram construídos edifícios de até 5 andares com bambu, testados e reconhecidos pela resistência a terremotos — uma característica fundamental em regiões sísmicas.

O arquiteto Simón Vélez, colombiano, é um dos maiores nomes globais da bioconstrução com bambu, responsável por projetos emblemáticos apresentados em diversos países.

Além das obras urbanas, o bambu é amplamente usado em moradias rurais, escolas e centros comunitários, promovendo inclusão social e preservação cultural.

2º Lugar – Peru: habitação popular e sustentabilidade

No Peru, o bambu é utilizado em programas habitacionais, especialmente em regiões costeiras e amazônicas, onde sua abundância e baixo custo o tornam uma solução acessível e eficiente.

As casas de bambu no Peru são reconhecidas por seu frescor natural, ideais para climas quentes e úmidos.

O governo e ONGs vêm promovendo o uso do bambu em projetos de habitação social, oferecendo alternativas rápidas e sustentáveis para populações de baixa renda.

Além da habitação, há também crescente uso em escolas, centros comunitários e infraestrutura leve, sempre valorizando o potencial do bambu como material local e renovável.

3º Lugar – México: inovação e ecoturismo

No México, o bambu vem se destacando principalmente no setor do turismo sustentável. Hotéis, pousadas e ecovilas apostam na bioconstrução com bambu como diferencial, atraindo turistas que buscam experiências em contato com a natureza.

Projetos arquitetônicos modernos combinam design inovador e tradição local, transformando o bambu em símbolo de hospitalidade ecológica.

Além do turismo, arquitetos e engenheiros mexicanos vêm experimentando novas formas de aplicação do bambu em estruturas culturais e espaços públicos, aumentando sua presença no cenário urbano.

O país também tem investido em capacitação e formação profissional, para ampliar o uso do bambu em larga escala.

Benefícios observados nesses países:

O uso do bambu como material de construção vem se consolidando em diversos países da América Latina e Caribe. Além de ser uma alternativa sustentável, sua aplicação tem gerado efeitos diretos na qualidade de vida das populações, na preservação ambiental e no fortalecimento das economias locais.

Os países que mais se destacam nesse processo -Colômbia, Peru e México-, já apresentam resultados expressivos após a adoção do bambu em seus projetos de bioconstrução.

Colômbia

Déficit habitacional: o bambu tem sido utilizado em programas de habitação social, oferecendo casas de baixo custo, resistentes a terremotos e adaptadas ao clima tropical do país. Isso ajudou a reduzir de forma significativa a falta de moradias seguras em regiões vulneráveis.

Reconhecimento internacional: edifícios de até cinco andares já foram erguidos em bambu no país, servindo como modelo para o mundo.

Clima e adaptação: a Guadua se desenvolve com facilidade no ambiente colombiano, permitindo a produção em larga escala sem necessidade de grandes insumos externos.

Economia local: comunidades rurais encontram no cultivo e no manejo do bambu uma fonte estável de renda. A cadeia produtiva vai desde o plantio até o beneficiamento e a construção, gerando milhares de empregos.

Peru

Déficit habitacional: casas de bambu oferecem uma solução rápida, barata e duradoura para famílias de baixa renda, diminuindo a pressão sobre os programas de habitação tradicional.

Economia local: o cultivo do bambu está gerando oportunidades de trabalho em comunidades antes isoladas, que agora fornecem material para projetos locais e regionais.

Clima e adaptação: o material se mostrou ideal para as altas temperaturas e a umidade da floresta, garantindo frescor e conforto térmico, além de ser resistente a chuvas intensas e ventos fortes em áreas costeiras.

Sustentabilidade: além de reduzir custos, as construções em bambu contribuem para a preservação das florestas, já que substituem o uso intensivo de madeira nativa.

México

Déficit habitacional: projetos com bambu começam a ser aplicados em comunidades rurais e indígenas, oferecendo moradias seguras e acessíveis.

Clima e adaptação: em regiões tropicais e subtropicais, o bambu mostrou excelente desempenho no isolamento térmico, tornando as casas mais frescas em áreas quentes.

Economia local: pousadas, hotéis ecológicos e centros culturais construídos com bambu impulsionam o ecoturismo, gerando renda para populações locais e fortalecendo a economia verde.

Inovação: arquitetos mexicanos têm explorado o bambu em projetos modernos e ousados, que unem tradição, design e sustentabilidade, aumentando a visibilidade do material no setor da construção civil.

Benefícios em comum nos três países

A experiência de Colômbia, Peru e México evidencia como o bambu pode ser um catalisador de mudanças positivas:

Redução do déficit habitacional: oferece moradias seguras, rápidas de construir e financeiramente acessíveis.

Adaptação climática: funciona muito bem em regiões tropicais e subtropicais, proporcionando conforto térmico e resistência a eventos naturais.

Economias sustentáveis: fortalece cadeias produtivas locais, gera empregos e promove o desenvolvimento regional com baixo impacto ambiental.

Como se pode implementar a construção com bambu

A bioconstrução com bambu vem conquistando cada vez mais espaço como solução sustentável, acessível e eficiente. No entanto, para que ela se consolide em municípios ou comunidades, é necessário um planejamento estratégico que envolva diferentes setores da sociedade. 

A seguir, exploramos em detalhes os passos essenciais para a implementação dessa prática.

1 – Mapear espécies locais adequadas para uso estrutural

O primeiro passo é identificar quais espécies de bambu estão disponíveis na região e quais têm potencial para serem utilizadas na construção civil.

Nem todo bambu serve para erguer estruturas; algumas variedades são mais indicadas para acabamentos e artesanato.

O mapeamento também ajuda a incentivar o cultivo planejado, evitando a exploração predatória e garantindo fornecimento constante.

2 – Formar mão de obra qualificada

A construção com bambu exige técnicas específicas de corte, tratamento e montagem.

Oficinas comunitárias, cursos técnicos e parcerias com universidades podem formar pedreiros, arquitetos e engenheiros especializados.

A capacitação gera emprego e renda, fortalecendo a economia local.

Além da técnica construtiva, o conhecimento do manejo sustentável é essencial para prolongar a vida útil das estruturas.

3 – Criar políticas públicas e incentivos

Governos locais e nacionais têm papel crucial na promoção da bioconstrução com bambu.

Leis de incentivo podem incluir subsídios para o cultivo, crédito para pequenos produtores e benefícios fiscais para obras sustentáveis.

Programas habitacionais populares podem adotar o bambu como material oficial, reduzindo custos e tempo de execução.

A regulamentação técnica (normas de construção) também é importante para garantir segurança e ampliar a aceitação social.

4 – Estabelecer redes de colaboração

A implementação só é bem-sucedida quando envolve uma rede articulada de atores:

Governos criam incentivos e políticas.

Empresas privadas oferecem tecnologia, logística e inovação.

OSCs e movimentos comunitários promovem engajamento local.

Universidades contribuem com pesquisa e desenvolvimento.

Esse modelo de cooperação multissetorial garante que o bambu não seja apenas uma alternativa, mas sim parte de uma estratégia de desenvolvimento sustentável.

5 – Educar e conscientizar a população

Para que a bioconstrução com bambu seja aceita, é fundamental quebrar preconceitos e mostrar seus benefícios.

Muitas pessoas ainda associam o bambu a um material frágil ou “provisório”, quando na verdade pode durar décadas se tratado corretamente.

Campanhas educativas podem destacar suas vantagens ambientais, sociais e financeiras.

A valorização cultural do bambu também ajuda, integrando tradições locais à arquitetura contemporânea.

Dia Nacional do Bambu

No Brasil, o Dia Nacional do Bambu é celebrado em 26 de setembro, instituído pela Lei nº 12.484/2011. Essa data não é apenas uma homenagem simbólica, mas um convite à reflexão sobre a relevância do bambu para o desenvolvimento sustentável do país.

Reconhecimento como recurso estratégico

O bambu é considerado um material-chave para o futuro, pois combina três dimensões fundamentais: econômica, social e ambiental

Estímulo à pesquisa e inovação

A criação dessa data também busca incentivar pesquisas científicas e tecnológicas. Universidades e centros de inovação vêm estudando técnicas de tratamento e preservação do bambu para ampliar sua durabilidade, novas aplicações em arquitetura, engenharia e design e potencial energético, já que o bambu também pode ser usado na produção de biomassa.

Além disso, projetos de extensão têm aproximado o bambu das comunidades, disseminando conhecimento prático sobre cultivo, manejo e uso construtivo.

Políticas públicas e investimentos

O Dia Nacional do Bambu reforça a necessidade de políticas públicas voltadas para incentivar o cultivo planejado em áreas rurais, inclusive em regiões degradadas, financiar iniciativas de bioconstrução em programas habitacionais, apoiar pequenos produtores e artesãos, ampliando sua inserção em mercados nacionais e internacionais e integrar o bambu a agendas climáticas, já que sua capacidade de captura de CO₂ é vista como estratégica no combate às mudanças climáticas.

Um recurso global com relevância local

Embora amplamente utilizado em países asiáticos como China, Índia e Japão, o bambu tem ganhado cada vez mais espaço na América Latina, com destaque para Colômbia, Peru e México. 

No Brasil, o Dia Nacional do Bambu coloca o país em sintonia com esse movimento global, reconhecendo que o material pode ser protagonista em soluções de habitação, design e sustentabilidade.

Conclusão

A bioconstrução com bambu deixou de ser uma promessa distante para se tornar uma realidade concreta em diversos países da América Latina e Caribe. Colômbia, Peru, México e, mais recentemente, Equador e Brasil têm mostrado que esse recurso natural, antes subestimado, é capaz de unir tradição e inovação, oferecendo soluções práticas para alguns dos maiores desafios da atualidade: o déficit habitacional, a crise climática e a busca por modelos econômicos mais inclusivos.

Com sua versatilidade, baixo custo e alta capacidade de regeneração, o bambu se apresenta como um verdadeiro protagonista de uma nova era da construção sustentável. Além de reduzir impactos ambientais, ele fortalece economias locais, resgata saberes tradicionais e garante qualidade de vida para comunidades inteiras.

Seja em casas populares, escolas, centros culturais ou hotéis ecológicos, o bambu prova que é possível construir com beleza, eficiência e responsabilidade. Mais do que um material, ele representa um caminho — o de uma arquitetura que respeita a natureza e coloca as pessoas no centro do desenvolvimento.

Num mundo que exige urgência diante das mudanças climáticas e das desigualdades sociais, o bambu mostra que a sustentabilidade pode ser acessível, escalável e transformadora. E, como planta que cresce rápido e se multiplica com facilidade, ele simboliza o próprio futuro que queremos cultivar: verde, justo e renovável

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